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Nós e a razão opressora: Um casal transgênero assistindo transfobia na TV

27 de outubro de 2014 3 comentários Artigo Textos Leonardo Morjan Britto Peçanha

Explicações e Repúdio

por Leila Dumaresq e Leonardo Peçanha

O esquete Valéria está noiva apresentado no programa da Rede Globo Zorra Total no dia 6 de setembro de 2014 trouxe uma triste, embora previsível, novidade para o “humor” brasileiro: A sátira de um homem trans. O personagem em questão fez parte do quadro já conhecido por apresentar uma caricatura grotesca e humilhante das mulheres trans.

Vimos a tal peça e achamos que ele merecia uma crítica e a seguinte nota pública de repúdio:

Este quadro ofendeu nosso relacionamento, família, sentimentos, afetividades, subjetividades, imagens sociais e gêneros.

É ofensivo porque ele ridiculariza nossas dores, problemas e sofrimentos. Não é uma crítica social e tão pouco trata-se de denúncia. Mas nos mostra como doentes incapazes de uma vida afetiva e social plena e saudável.

Estes estereótipos são usados o tempo inteiro contra nós: Pelo estado quando nos nega direitos civis e liberdades;
E também é este estereótipo que está na mente das pessoas que nos agridem cotidianamente.

Peças como esta, na medida em que fixam no imaginário da sociedade o estereótipo mais negativo das pessoas transgêneras, contribuem para aumentar nossa exclusão; E justificam toda sorte de violência social, mental e física que sofremos por conta desses preconceitos.

Os dois textos que seguem são reflexões que, pretendíamos, fossem um só texto mais sintético. Mas como os lugares de fala mostraram-se importantes, decidimos manter as interlocuções originais.

Homens trans: A visibilidade é nossa. A (in)visibilização é da mídia

Leonardo

Após ver o vídeo do programa zorra total, fiquei a refletir. O que me fez pensar em começar pela análise de algumas falas do quadro:

    • Uma convidada fala para Valéria “E esse noivo que não chega hein? Será que existe mesmo?” O fato dela ser uma mulher trans não a autoriza ter um noivo, tem de ser algo apenas para ficar no imaginário.
    • Janete, amiga da mulher trans faz um discurso para “homenagear” a noiva: “Parece que foi ontem que eu vi você: Um jovem tímido cheio de espinha chamado Valdemar.” Como se fosse normal ou consentido que uma pessoa fale da transexualidade da outra.
    • “Desde que eu te vi eu só existo para você, minha diva! Você está linda!” (fala de Celso, o noivo). Celso a vê como mulher, dá legitimidade a identidade e a feminilidade de Valéria.
    • “Desculpa incomodar, mas a moça de família aqui sou eu, tá?” (amiga penetra que chega para “roubar” o noivo). Como se só a feminilidade cisgênera pudesse ser de família e as outras identidades não pudessem construir ou ter um núcleo familiar. Assim a identidade de gênero é posta como empecilho, como se não fosse moça quem não nasceu com um determinado órgão genital. A penetra também chega agindo como se fosse a “mulher de verdade” por ser cis. Será que se soubesse que o noivo é trans iria agir da maneira como agiu e se jogar pra cima dele? Mas ela saiu antes da revelação que ele também é trans.
    • E fala-se também em “Noivado injusto”. Outra vez afirma-se que pessoas trans não podem sequer ter um relacionamento, noivar, casar. Apenas pessoas cis podem. O injusto é por ser uma pessoa trans noivando com um “suposto homem cis”?
    • “Até essa coisa vai casar e eu linda, loira estou aqui comendo croquete com confete, vou continuar assim encalhada.” (Amiga penetra.) Tudo que foge do padrão de beleza normativo, branco (e diga-se limpo nesse caso) não deve ser de maneira nenhuma a felicidade. A injustiça neste caso é uma pessoa normativa não conseguir ser feliz antes de uma que foge ao padrão de gênero. É a determinação que a branca limpa (o padrão normativo de beleza) deve ser mais feliz que as pessoas “desajustadas”.
    • “Eu não queria fazer fofoca, mas a Valéria nasceu Valdemar.” (Amiga penetra.) Como se fosse proibido ou errado ser trans. E o fato de falar se tornou escândalo, por ser errado e impuro.
    • Valéria fica arrasada ao ser exposta, mas o Noivo não reage negativamente. “Também tenho um segredinho do meu passado para contar: antes de ser Celso, eu fui Shirley” Janete ri e diz “que amarra” em tom de deboche.Quando Valéria falou de sua transexualidade Celso não fez comentário malicioso, mas quando foi sua vez, ele sofreu com chacotas, risos e deboches. Pra mim ficou parecendo que naquele momento a identidade da mulher trans se sobrepôs à do homem trans, como se fosse um “machismo inverso”. Que por ela ser uma mulher trans e as pessoas saberem de sua existência ela poderia agir de maneira preconceituosa com ele, por ser extremamente estranho para ela naquele momento. Veja o contraponto, não foi uma pessoa cis que agiu com transfobia e sim uma pessoa trans. Isso tem um teor malicioso, como se as pessoas trans dissessem que não pode existir relacionamento entre pessoas trans. O fato do preconceito vir de uma pessoa trans e não de uma cis foi proposital.
    • “Não encosta muito, porque e tenho uma certa alergia com mulher.” (Valéria)
      A expressão de gênero masculina e normativa do homem trans não foi empecilho para que seu corpo fosse genitalizado. Ou seja, não importa como você se expressa visivelmente e sim o que tem no meio das penas e como será a prática sexual. Só o fato de Celso ter contado que nasceu de uma determinada maneira foi suficiente para desfazer a leitura de homem que ele tinha até então.
    • “O Brasil já sabe como são os procedimentos. Fui, cortei e dei para o cachorro comer. Agora como é que é colocar? Colocou com a barba?” (Valéria)Bio medicalização de corpo, controle de corpo trans, naturalização de uma suposta identidade trans a partir do senso comum. Ela disse bem claro: O Brasil já sabe e sabe mesmo como é uma mulher trans ou travesti. O homem trans ficou no ar… Como se dissesse: “É isso mesmo! Vocês que não podem ter pênis, não são homens!” Afirmando todo discurso biomédico e jurídico.Também é ofensivo ligar a cirurgia de transgenitalização com um simples: “Cortei e dei para o cachorro comer”. E é exatamente assim que as pessoas leigas pensam. Colocar o pênis e colocou barba, como se o fato de colocar um pênis ou qualquer outra coisa não seja legítimo para um homem trans e até para um cis quando ele perde o seu pênis. O retirar é mostrado como mais aceitável e tolerável do que o colocar nesse caso.
    • “Esse negócio de opostos se atraem… Você é o oposto do que eu quero, tá bom? Obrigada vai com Deus, boa sorte! Vai sapatão! Não tem problema, porque hoje eu estou muito lésbica. Pra pegar uma mulher eu vou pegar uma mulher de verdade!” (Valéria).Depois de passar a ler o Celso como mulher, nem como mulher ela o quis, mesmo ele tendo um determinado órgão genital. Por ter uma aparência e expressão de gênero masculina Celso passa a ser uma “falsa mulher” e nesse sentido não é nem homem, por não ter um pênis e não é mulher por não ter uma expressão feminina. Sendo assim, não é nada e por isso ela disse: “Vai com deus, boa sorte.” Pois precisa ter sorte pra viver nesta condição, segundo o Valéria. E chamá-lo de ‘sapatão’, foi o que restou já que é uma sexualidade à margem e bem discriminada. Então Valéria preferiu uma mulher cis, que pra ela é de verdade, a uma suposta “falsa”. E na sua condição de mulher, a orientação sexual lésbica, e não sapatão, passa a ser legítima.

Voltando à reflexão, Sou a favor das pessoas ressignificarem seus corpos. Inclusive, tenho dito nos espaços onde vou que o corpo trans é legítimo. Agora, não é porque algo se tornou visível que quer dizer que se tenha que fazer chacota em cima da “diferença” e da “novidade”. Não precisa controlar os corpos, as práticas sexuais, as sexualidades, e todas essas caixinhas que existem. O problema não está na visibilidade e sim do uso que as pessoas fazem dela.

Este programa fez muito mal: Deslegitimou os corpos, as pessoas e as identidades das pessoas. A mídia está aí pra isso mesmo, infelizmente é o trabalho dela.

Cada um vive de maneira diferente e performatiza (não apenas pessoas trans, pessoas cis também) de maneira diferente. Se pessoas como nós não transgredíssemos a todos essas caixinhas talvez um programa como esse nem teria esse tipo de humor, mas nós existimos e somos legítimos com nossos corpos e nossas vivências.

A transfobia também é controle dos corpos, controle de tudo o que podemos ser, das próprias “caixinhas” de sexo e gênero. Isso fica muito claro em relação as pessoas cis: Porque pessoas cis também podem transgredir determinadas normas sem serem julgadas como nós (trans), que somos considerados “radicais”. Radicalidade essa, que é nossas vivências não remeterem às normas de sexo e gênero, o que justifica a necessidade de sermos “controlados” pelos “normais”.
O dia que essas “caixinhas” começarem a ser detonadas toda a “graça” desse quadro e toda a diferença vai perder o sentido.

O problema das ressignificações corporais é justamente o controle do biopoder, da biomedicina nos corpos. Afirmam que só os corpos “biologicamente e fisiologicamente” funcionais são válidos. Entretanto, nós sabemos que outras leituras e (re)construções corporais também são. Só que as pessoas são ensinadas e treinadas para não acreditar nas diferenças.

Eu vi neste quadro todo o tipo de violência da mais cruel contra a mulher cis, trans e também com homem trans em suas subjetividades. Estão fazendo das orientações sexuais destas pessoas algo errado.

E vejo a mídia dizendo que não pode existir um casal trans. Que não pode ter homem de vagina e nem mulher de pênis porque isso é aberração. O que até agora era ridicularizado só nas mulheres trans, agora será feito nos homens. Já estão começando a mostrar como vão cobrar a “normatividade” das masculinidades. É o controle do que é ser masculino.

A visibilidade das transmasculinidades pode fazer com que os homens cis revejam suas próprias performatividades e construções. O aparentemente normativo masculino, pode não ser real. E como será que os homens cis vão dar conta disso?

Esse tipo de programa não faz um humor falso e tão pouco verdadeiro; Apenas não é humor. Humor mesmo é outra coisa completamente diferente das abordagens desse programa. Não precisa inferiorizar, discriminar, agir de maneira violenta para fazer humor.

Uma pessoa que dirige um quadro como esse não atenta e não se importa com as pessoas que retrata. Não percebe que isso pode causar surtos emocionais, depressivos em quem vê: Em que está se descobrindo trans; Em quem já vive nesta condição mas não se aceita; Em quem vive e se aceita como trans, mas está chateado a família, os maridos ou esposas. Nada disso se pensa, apenas é pensado no deboche e na comédia do senso comum.

Talvez uma pessoa que seja humilde tenha achado ruim por ter algum parente trans na família ela entendeu que aquilo foi ofensivo, mas quem não tem? Como fica para as pessoas que não entendem da temática? Fica nisso mesmo. As pessoas achando que é apenas brincadeira ou chacota.

Este programa reforça a invisibilização, o estereótipo, e não a visibilidade. A visibilidade é outra coisa, é o que pessoas trans e os movimentos sociais fazem.

E nós estamos aqui! Essa é a nossa visibilidade, e nós somos protagonistas para mostrar da melhor maneira possível. Quando for necessário mostrar a angústia sim, mas com bom senso sem chacota. Mostrado a realidade, com respeito e dignidade.

Oprimidos para opressor ver

Leila Dumaresq

Como o Leonardo mostra em sua análise, o quadro não só é transfóbico como também percebe-se uma intencionalidade no modo como o preconceito é colocado. Embora veja responsabilidades individuais, não quero focar esta fala na transfobia dos autores e atores envolvidos. Isso envolveria uma falsa polêmica cheia de justificativas escabrosas por parte de quem defende-se de ser preconceituoso.

Prefiro focar na função social do quadro, que é fazer um determinado público rir. Isso eles fizeram de propósito: Um quadro de “humor” para seu público pretendido. De tal modo que a pergunta importante é “quem está rindo de quem e por que?”

Aí encontraremos o vespeiro do preconceito cheio de vespas e ferroadas. Aí também está a adesão dos envolvidos ao preconceito enquanto conjunto partilhado de significados, imagens e arquétipos sociais. Deste modo, irmano no preconceito tanto quem riu quanto quem fez rir. Impedindo que um grupo fique jogando a culpa no outro, quando ela é, de fato, socialmente partilhada.

De quem se pretende rir?

Primeiro, de uma mulher transexual redesignada dando uma festa para convidados cheios de maldade para com ela. Em seguida de um homem trans bem intencionado e com boa aparência. E finalmente de uma mulher cis desesperada para casar-se com um homem cis.

E o que haveria de engraçado nisso? Por que riríamos deles?

São duas mulheres — bem marcadas pela transgeneridade e cisgeneridade — disputando um noivo. O noivo e o respectivo casamento é uma realização imensa na vida destas mulheres. Elas disputam quem merece ser legitimada por aquele homem. E por fim, quando parece que a mulher trans levaria a melhor, ela se depara com um homem trans, que de acordo com a lógica do quadro, não é capaz de dar a legitimação pretendida. A própria personagem trans descarrega tudo isso sobre o homem trans, terminando o quadro.

É importante notar que as duas mulheres, tanto a cis quanto a trans, se deslegitimam o tempo inteiro. Por sua vez, o homem trans é tratado como impostor justamente por não “servir” para legitimar qualquer uma daquelas mulheres. Tanto faz se esta deslegitimação seja chamada de machismo (num ponto de vista cisgênero) ou machismo inverso (numa visão transgênra). Em ambos os casos o foco está em interditar a transmasculinidade.

Mais triste ainda que o preconceito seja reproduzido por uma mulher trans, mas é assim mesmo que os opressores gostam: Oprimidos que “sabem seu lugar” e repetem as mesmas barbaridades que sofrem. Se o preconceito for internalizado, melhor ainda para eles. É justamente de toda esta destruição de identidades, perpetradas pelas femininas, que estão rindo.

E a pergunta que resta é: Quem riria disso?

As pessoas que concordam com este privilégio do homem cisgênero e heterossexual. Ou seja, todos que se identificam com o tal \emph{homem cisgênero e heterrosexual} estão rindo disso. Ele é quem não aparece no quadro, mas note que toda a tensão dramática da esquete gira em torno dele. As mulheres estão brigando por um homem transgênero, Que depois, eles deixam bem claro que é incapaz de legitimar um casamento “de verdade”. E por que ele não consegue? Por não ser “homem de verdade”.

É o ápice da fantasia machista, como se a potência do homem cisgênero emanasse do desejo das mulheres. E esta é na minha opinião a graça e o prazer do quadro: Mostrar a “falta” que faz um homem cisgênero naquelas relações. Mostrar como o feminino precisa de uma referência masculina autêntica. E assim a visibilidade do homem trans consuma-se para ser deslegitimada.

Pra variar, o homem cis, assim como precisa ser protegido da mulher trans (“falsa”) também precisa ser protegido da transmasculinidade.

A mensagem do quadro é clara: O homem cisgênero e heterossexual não pode ter rivais. Assim que a norma consuma-se. E haja violência para reafirmar esta norma.

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3 comentários

  • Ivone Correia dos Santos 27 de outubro de 2014 em 08:17 - Responder

    Peçanha, a sua análise do esquete Valéria vai casar está magnífica, de uma sensibilidade interpretativa sem igual. Mas por favor, peço desculpas pela valéria, pois a mesma representa um segmento populacional de mulheres que passaram a vida em extremas dificuldades sociais e morais devido suas performances transexuais, e por assim ser sem qualquer traquejo social ou sensibilidade com as palavras. O programa humorístico em questão não deve ser considerado nosso inimigo, ele somente reproduz o entendimento cultural que a massa tem a nosso respeito. Parabéns mais uma vez pelo seu texto.

    • Leonardo Morjan Britto Peçanha
      Leonardo Peçanha 28 de outubro de 2014 em 12:57 - Responder

      Olá querida Ivone! Fico muito feliz em saber que gostou!

      Eu entendi o seu ponto de vista e o que quis dizer. Respeito todas as maneiras de expressão de gênero, identidade e vivência das pessoas, acredito que essas características são construções de cada pessoa com suas subjetividades.

      Mas, na minha opinião, a personagem Valéria foi construída por pessoas que reproduziram a imagem de senso comum do que é ser uma pessoa trans, objetificando e naturalizando características negativas relacionada as pessoas trans de maneira preconceituosa para fazer chacota e fazer rir de maneira proposital.

      Uma pessoa trans real que vive e tem experiências parecidas e até iguais as da Valéria tem todo o meu respeito, mas esse personagem foi criado apenas com o intuito de colocar as pessoas trans como uma “brincadeira”.

      Pra mim, um programa que faz humor nesse sentido não deve ser levado a sério, pois não contribui em nada de positivo para a imagem de pessoas trans. Esse tipo de programa faz muito bem o que você mesma disse: “usa o entendimento cultural que a massa tem a nosso respeito”, para fazer chacota e através disso legitimar e estimular a violência. Tudo de maneira muito sutil, para quem é leigo achar tudo muito natural, e se sentir com permissão a para agir com deboche com pessoas como nós.

      Um bj enorme Ivone!

  • Jô Lessa 28 de outubro de 2014 em 20:50 - Responder

    Parabéns Leila e Leonardo, textos muito bem elaborados e mensagem clara sobre como nos sentimos diante de situações que usam como camuflagem o humor para introduzir ainda mais na sociedade a ideia de que não somos de carne e osso., dando a eles o falso direito de nos menosprezarem (entre outras coisas).
    Eu não assisto o citado programa, faz muito tempo, exatamente por que seus quadros se tornaram ofensivos demais. Infelizmente a mídia se vale do escárnio para aumentar seus índices de audiência e cabe a nós nos manifestarmos em repúdio a tudo que nos atinge drasticamente.
    Contem comigo!

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