Eu me importo. Com o que? Com pessoas e memórias. Até consigo deixar momentos para trás, mas sem perceber vou deixando também meu coração. Não é voluntário. De repente percebo que caiu um pedaço dele num momento qualquer. Um olhar, uma palavra ou uma companhia que foram importantes.
Nada de mais. Sinto sempre e sinto intensamente. Então é fácil perder mais um pedaço deste coração. Às vezes eu sinto uma dorzinha no momento já, às vezes passam-se anos. Porém, sempre dói: É quando percebo que me importo.
Sou atacada de saudade crônica. Percebo que há alguém que me importa longe. E vivo em tempos difíceis para este sentimento… Retifico: Vivo numa época de tempo difícil…
Telefono e quando não é ninguém quem atende, é uma pessoa sem tempo; Escrevo mensagens usando os meios mais rápidos apenas para começar mais cedo a esperar pela resposta que não vem; E se há uma janela nas agendas é apenas para ver os imprevistos que desmarcam o encontro.
Acho que tudo bem ter um coração de paçoca: Esfarelento e doce. Aliás, dulcíssimo, como a grande maioria dos doces brasileiros. Tanto que enjoa rápido. Por isso aprendi a oferecê-lo com parcimônia, sem deixar que sirvam-se à vontade.
E cansada de ansiar, a saudade tornou-se solidão; A solidão tornou-se amiga e confidente. Há algo especial nesta solidão, por isso a amo: São os pedaços do coração que deixei pelos cantos das vidas. Talvez esquecidos, talvez perdidos mesmo. Sei que me trariam de volta se os achassem ou reconhecessem. Acho que não fui clara o suficiente quando disse que sentia saudade.
Isso não importa mais. O vazio tornou-se algo. É parte de quem sou agora. Parte de uma pessoa que importou-se e importa-se mesmo que não consiga expressar-se. Então, solitária, sonho em palavras: Peço a quem encontrar um pedaço do meu coração que, por favor, traga-o.
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