Uma para cada mil ou outro valor? Não sei a quantas anda o câmbio entre imagens e palavras. Como podem ler claramente, sou mais de palavras, mas não nego o valor das imagens. Ver na rua manifestantes pacíficos e violentos fez-me entender claramente uma coisa: Estou com os pacíficos.
Estou com os que mobilizaram-se por eles mesmos; Com as pessoas que agem por suas próprias razões, claras ou não; Com quem tem dificuldade para expressar-se, mas sabe que as coisas estão ruins e as quer melhores. Estou com quem assume a própria causa. Prefiro estes aos que tentam salvar ideias velhas: Os que explicam e explicam sem parar…
Embora também não saiba a que tudo isso nos levará.
Não sei, então acho que algo mudará para melhor. Tenho este direito. Ah! Sim! Também tenho um pedido: Seria pedir demais que as pessoas refletissem sobre a possibilidade da vida cidadã na diversidade? Algumas vezes penso que não, mas ainda me resta alguma esperança. Olhem para as imagens. Vejam o que elas mostram.
Sobre os episódios de agressão e os discursos que as apoiam: É preciso separar quem canaliza sua revolta – mesmo a mais exagerada – para algum propósito construtivo e quem quer simplesmente quebrar tudo a qualquer pretexto. É fácil confundir os dois tipos pelo discurso – eles mesmos confundem-se entre si – mas são facilmente distinguidos pelas ações. Basta ver que os do primeiro tipo não participam destes rompantes de destruição e quando participam são aqueles tentando conter os enfurecidos.
Lutar é diferente de destruir. Lutar tem causa e meta. Tem sempre um quê de defesa. Mesmo que seja um ataque é por algo que se deseja preservar. Quem luta está num drama humano, pois está arriscando-se pelo que lhe é valioso. E o risco é justamente a destruição: Ver destruídas as coisas pelas quais lutamos desumaniza. Por isso preferimos sempre lutas poucas e breves.
Compreendo e apoio as lutas justas. Vejo como lutadoras as pessoas que tomaram as ruas pacificamente e encaram de frente a ameaça de agressão apenas com vontade e vinagre. Além disso, Todos têm família, todos querem voltar a salvo para casa. E as ruas são nossas: Pensem no conserto antes de quebrar.
Vamos abandonar o verbo “destruir” e adotar o “mudar”. As lutas necessárias para mudar o mundo virão, mas serão lutas para que não se destruam os sonhos e as esperanças. Para que não se destruam possibilidades de mudança. Serão as lutas para se deixar como exemplo do que fazer, não o contrário. Destruição nos torna mais miseráveis em tudo: Inclusive em oportunidades de mudança. Por que acham que todos que querem perpetuar-se no poder amam a guerra? Nada como uma boa guerra prolongada para esmagar os sonhos e também acabar com as possibilidades de mudança. Tudo fica cristalizado no terror do inimigo. Quem está no poder não quer que as coisas mudem.
Sobre os “mundos” e “sistemas” que tanta gente quer destruir: Saibam que eles são destruídos pelo tempo histórico, depois que ficam sem uso. Então, se você odeia este mundo injusto e quer vê-lo destruído, ajude a mudá-lo. Porque é o único que temos e não podemos ficar sem nenhum enquanto não encontramos um jeito de construir, ação por ação, o mundo melhor que sonhamos.
Canalizem seus sentimentos bons e maus para algo construtivo e não não esperem que eu concorde com destruição. Hoje o resultado da destruição está em todo lugar. Tanto quanto o resultado das manifestações pacíficas. Vejam e comparem os resultados das formas de manifestar. Muita “teoria” foi posta em Prática nas últimas semanas. Quem puder que aprenda algo da experiência.
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