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A perigo

2 de março de 2013 0 comentários Artigo Humor, Textos Leila Dumaresq

Num barzinho de Campinas encontram-se duas amigas. Uma é pensadora nas redes sociais. Participa de ações políticas e posiciona-se a favor dos direitos das minorias. Ela sempre envolve-se em alguma polêmica. A outra é periguete e adora postar fotos ora descomprometidas, ora sensuais. Ser fotogênica é seu hobby, mas como ela é boa no que faz: Recebe elogios das amigas e dos admiradores. Também dribla como ninguém a inveja e a provocação.

As duas cumprimentam-se carinhosamente e sentam-se numa mesa com bancos altos. O garçom chega e entrega a elas seus pedidos: Para a periguete uma batida de frutas vermelhas e a pensadora pediu uma sakerinha de kiwi. Conversam animadas até que a pensadora resolve demonstrar sua preocupação:

–- Amiga, tenho visto as fotos que você coloca na internet. Está linda, mas você não tem medo o assédio? Do risco de um maluco cruzar o seu caminho? Sempre ouvimos falar dessas histórias.

Espontânea como sempre, a periguete retruca sem ponderar:

–- Acho que não… Fiz muitos amigos… E babacas encontramos em todo lugar. Não é só na internet, não. O negócio é ser eu mesma e ser feliz.

A pensadora toma um belo gole de sua bebida enquanto ouve. Pensativa, amassa algumas frutas com o canudo. Então tenta defender seu “bom” senso mais uma vez:

-– Ainda acho que é muita exposição…

Mas é interrompida sem cerimônia pela periguete:

-– Linda! Você expõe suas opiniões na internet. Critica aqueles caras grossos. Adoro gente autêntica como você e admiro muito a sua inteligência, que não é pouca coisa. Mas você não se preocupa mesmo com os toscos que aparecem xingando você? Alguns falam até que você vai apanhar.

A pensadora para. Sua boca fica aberta na posição em que foi interrompida. Ela olha para a amiga mais jovem com os olhos arregalados. Pisca alguma vezes, então vira a sakerinha de uma vez, faz uma careta e tosse. Quando termina, ela sorri para a amiga e pergunta:

-– Sabe, eu não consigo tirar boas fotos minhas em casa. Ainda mais sozinha. Sempre fico com “cara de documento”, entende? Como você consegue ser tão fotogênica?

A periguete apruma-se no seu banco com empolgação, segura a mão da amiga entre as suas e fala sorrindo:

-– Amiga, não se preocupe que vou lhe dar todas as dicas. Aprendi tudinho nas revistas e com as amigas da internet. Você vai arrasar!

-– Você está me dizendo que existem fóruns especializados nisso? -– Espantou-se a pensadora?

A periguete acha a pergunta engraçada:

-– Claro que sim! Por que não? Quem não quer curtir-se? Não precisa fazer essa cara. Passo os links para você, OK?

E a conversa segue animada. Elas divertem-se muito naquela noite. Dançam; Brincam; Riem; A pensadora até topa ficar com o amigo bonitinho do namorado que a periguete arrumou. As duas vão juntas para casa e despedem-se no alvorecer. Quando acordar a pensadora porá a culpa de tudo na bebida, mas há de lembrar-se em seguida que o negócio é ser autêntica para ser feliz.

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