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A ponta da vista: Piada, Maritaca e Buchada

15 de janeiro de 2013 0 comentários Artigo Humor, Textos Leila Dumaresq

Segundo um renomado especialista em humor a violência contra gays está preocupantemente baixa. Imaginem só que catástrofe para as piadas chulas se os gays pararem de apanhar. Eles vão pensar que têm dignidade e não aceitarão mais figurar nos papéis ridículos e humilhantes.

Desconfio que tal especialista seja apenas preguiçoso. Que seu receio seja de precisar buscar piadas melhores sabe-se lá onde. Talvez importá-las! Em suas elucubrações, ele pensa que o respeito à dignidade humana está para o humor nacional como a vassoura de bruxa está para nossa indústria cacaueira: Uma doença mortal! Ameaça a toda sua atividade econômica!

Contudo, escapa ao douto humorista que ele é apenas um proletário do riso e toda sua riqueza consiste em dar à platéia o que lhe faz rir. Por sua vez, o público já foi cultivado e educado em casa. É o público, ao rir, que está pedindo o sangue dos gays. Fossem as piadas iguarias, o humorista seria o cozinheiro que prepara e serve os pratos. No caso, gays mal passados.

Tivesse o paladar do público aversão aos miúdos das minorias e suas gorduras, o mesmo humorista procuraria atender aos paladares mais sensíveis. Por estes motivos desconfio que o humor nacional é mais efeito que causa de muitas mazelas.

E já que o assunto é como nossa sociedade digere certas pessoas, falarei sobre o espantoso caso de uma mulher que foi confundida com uma mulher. Não errei ao digitar: Se uma mulher fosse confundida com outra mulher, entenderíamos facilmente. Contudo, o caso é intrincado e não se espante ao ter dificuldade. É mistério digno de Sherlock Holmes:

A polícia encontrou uma mulher morta; evidentemente assassinada; e levaram o corpo até os médicos. Na ânsia de dar uma satisfação à sociedade, a polícia disse à imprensa que estava tratando o caso com toda a seriedade exigida. Os jornalistas também cumpriram com esmero seu dever social de noticiar os fatos.

Então os médicos (que eu imaginava, concluíam seus exames para determinar a causa da morte) vieram contar que determinaram a causa da feminilidade na mulher. O resultado chocou os investigadores e corou os jornalistas. Pois, neste caso, eles estavam exercendo seus ofícios de modo completamente equivocado! Mas por que?

Oras! No decoro das duas profissões é necessário (desculpem o quase pleonasmo) discriminar de modos diferentes mulheres cisgêneras de mulheres transgêneras. E como todos sabem, há muita diferença entre ser sexista e cissexista. Não tanto para a vítima, mas para quem é preconceituoso, preocupado com as justificativas, faz toda a diferença.

Não sendo permitido a estes profissionais exercerem suas profissões sem discriminar, precisam saber muito bem que tipo de preconceito aplicar a cada pessoa.

Não pensemos tão mal deles: É sabido que o preconceito e a discriminação aceleram muito a apuração de qualquer caso policial ou investigação jornalística. Afinal, como todo bom estudante de direito sabe, hipóteses ad hoc são atalhos seguros para uma conclusão mais rápida.

Pelo menos, agora estão apurando o caso. Por algum tempo temi que esqueceram-se do mais importante: O corpo em questão pertencia a uma vítima de assassinato.

Da minha parte, acho que as pessoas deveriam pensar de um jeito mais simples. Talvez parassem de confundir coisas óbvias; como, por exemplo, o gênero de uma mulher; e pudessem ocupar suas mentes com coisas mais importantes, como impedir que novos assassinatos ocorram.

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