Tenho acompanhado a discussão em torno da campanha que Thammy Miranda participa dos dias dos pais. Ele não representa a realidade social dos homens trans brasileiros. Se pensarmos em determinantes sociais e marcadores da diferença, ele realmente ocupa um lugar que homens trans não estão. Ele possui vantagens, privilégios e visibilidade. Faz, ou vem tentando Leia Mais
Quero tratar neste texto de preconceito, desigualdade e representatividade na produção artística. Mas o farei a partir eventos bastante específicos e sensibilizações que tive ao longo desta semana. Também estou organizando o que apreendi de uma dissenção real entre a comunidade trans para refletir nas consequências epistêmicas das posturas discursivas. Para que possamos diminuir nossas disputas narrativas entre grupos trans e expandir nossas ressonâncias. Além disso, há uma reflexão sobre como lidar com alianças pontuais que estão longe de ser ideais. Para tanto trago para o eixo da transfobia o conceito de “existência violenta” da pessoa privilegiada.
Cobrir de cinza os grafites da cidade não é um problema só estético. Aliás, fique bem entendido que a arte não deve ser reduzida apenas ao aspecto estético e a própria estética não deve ser reduzida à uma “crítica do gosto”. Aceitar estes reducionismos é fazer o jogo dos expropriadores e dos fascistas que precisam destruir as reservas morais da sociedade para praticar sua violência.
“A fé na vitória tem que ser inabalável.” – O Rappa
Eu entrei no mestrado em agosto de 2010, naquela época minha aparência ainda era lida como a de uma mulher masculina. Entrei no mestrado no mesmo ano que terminei a segunda graduação em Educação Física, fiz licenciatura e bacharel. Fui selecionado também para a primeira turma de uma Especialização em Gênero e Sexualidade, tudo ao mesmo tempo. Fiquei muito feliz, muito mesmo, com tudo que estava me acontecendo. Na Iniciação Científica, alguns professores já diziam que eu tinha que fazer pós graduação. Publiquei os meus dois TCCs: em uma revista eletrônica Argentina e outro em capítulo de livro.
Toda travesti sabe que não basta viver do nome que deram, nem do comportamento que ensinaram, não servem as roupas que vestiram, assim como não servem as qualidades que atribuíram. É que a serventia de tudo isso não está em sua suposta verdade, mas no que delas se pode fazer.
Temer escreveu uma carta para Dilma. Em uma situação delicada para o país, o vice-presidente escreve uma carta à presidenta da república cobrando dela “reconhecimento” por seu papel como vice-presidente. Ele mesmo diz que o vice-presidente deve ser discreto, mas comete uma indiscrição apenas para fazer sua reclamação de que não teve “influência” no governo Leia Mais
O vestibular em si já é extremamente problemático. Por ser um dos pináculos do nosso sistema elitista de acesso às universidades, ele é indissociável do sistema que perpetua a desigualdade social neste país. Enquanto os muito ricos têm acesso facilitado às profissões de prestígio, a população é posta para lutar pelas “oportunidades” restantes. Vivemos de fato uma meritocracia na qual o mérito é privilégio só de alguns.
A banda Renatinhos lançou seu primeiro vídeo oficial e ao mesmo tempo lançou-se no fosso dos travestifóbicos da arte brasileira. Um movimento ousado. Diria até que é o primeiro “mergulho artístico” do tipo. Na próxima vez deviam tentar uma piscina olímpica cheia de água. Deste mergulho se sai mais limpo pelo menos.
É triste ouvir pais me perguntando porque seus filhos agem como se não houvesse futuro. Eu, eles e seus filhos fomos educados no medo da verdade, no pavor da empatia com quem sofre, no terror de questionar o status quo. Fomos todos educados para tentar “nos dar bem”; Ainda que o sistema seja injusto, temos que fazê-lo funcionar. E fazemos isso porque ser excluído nunca é uma alternativa, eu bem sei. Então competimos e agradamos os patrões, alguns sonham até em ser quem “dá emprego”, ainda que isso signifique dar empregos precários, como as “famílias de bem” sempre fizeram questão de dar às suas empregadas domésticas. É assim que naturalizamos nossa vida em uma sociedade arbitrária e, consequentemente, abusiva.
Hoje, um grande problema do Brasil foi a ditadura militar vencer no processo de redemocratização do país. Se por um lado as manifestações populares e a militância do período impossibilitaram a continuidade daquele regime. Por outro lado, os violentos donos do poder naquela época conseguiram fazer sua reabertura “lenta, gradual e segura”. Embora devamos dar todo o mérito devido ao povo pela reabertura, é hora de também olhar para a herança nefasta que o processo nos deixou.
S | T | Q | Q | S | S | D |
---|---|---|---|---|---|---|
« ago | ||||||
1 | 2 | 3 | ||||
4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 |
11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 | 17 |
18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 | 24 |
25 | 26 | 27 | 28 | 29 | 30 | 31 |