É triste ouvir pais me perguntando porque seus filhos agem como se não houvesse futuro. Eu, eles e seus filhos fomos educados no medo da verdade, no pavor da empatia com quem sofre, no terror de questionar o status quo. Fomos todos educados para tentar “nos dar bem”; Ainda que o sistema seja injusto, temos que fazê-lo funcionar. E fazemos isso porque ser excluído nunca é uma alternativa, eu bem sei. Então competimos e agradamos os patrões, alguns sonham até em ser quem “dá emprego”, ainda que isso signifique dar empregos precários, como as “famílias de bem” sempre fizeram questão de dar às suas empregadas domésticas. É assim que naturalizamos nossa vida em uma sociedade arbitrária e, consequentemente, abusiva.
Hoje, um grande problema do Brasil foi a ditadura militar vencer no processo de redemocratização do país. Se por um lado as manifestações populares e a militância do período impossibilitaram a continuidade daquele regime. Por outro lado, os violentos donos do poder naquela época conseguiram fazer sua reabertura “lenta, gradual e segura”. Embora devamos dar todo o mérito devido ao povo pela reabertura, é hora de também olhar para a herança nefasta que o processo nos deixou.