Dia 10 neste dezembro de 2014, a professora Carla Rodrigues publicou um texto intitulado O (cis)gênero não existe. O texto causou alguma repercussão nas redes sociais e propus-me a conhecê-lo. O título por si só prometia uma revelação sensacional. Li, acompanhei as discussões pela internet, ponderei sobre meus conhecimentos do assunto e tenho só duas breves considerações a fazer:
A professora Carla foi simpática ao repudiar veementemente a violência contra pessoas trans. Recomendo que da próxima vez, ao escrever uma crítica ao feminismo radical, transfeminismo ou ambos, não as misture com casos de agressão recentes. Nem que seja porque é chato demais agradecer o apoio e criticá-la no mesmo texto. Contudo, como é mais importante repudiar a violência, espero que ela continue repudiando.
Embora cause esta impressão em algumas pessoas, eu nunca escrevi um texto acadêmico sobre transgeneridade. Também tenho estudado o gênero e trans-gênero informalmente, para empoderar meu ativismo. Todavia, meu discurso vai pela manifestação de uma vivência entre iguais. É um discurso de convívio.
A palavra ‘cisgênero’ é um tanto quanto disputada: Tão usada; tão defendida; tão atacada; tão pouco entendida. Antes de ser polêmica, a palavra é pouco consensual. Característica que não seria defeito, mas é quando há tantos detratores querendo aniquilá-la enquanto conceito.
Uma pena.
Porque assim como as pessoas transgêneras, este conceito tem muito o que acrescentar. E ambos — pessoas e conceitos trans — sofrem do descompasso entre a pressa definitória contemporânea e o lento processo de autoafirmação social.